Antes de abrir a boca mire-se num
plantel fenomênico de esculturas:
corpo de seda azul em lençóis de veludo
outono de enganos num breve caleidoscópio
folhas soltas em viés de vento fecundo
turbilhão de gotas nuas aglutinadas
na garupa de bolhas ciganas no pináculo
da montanha esmeralda fosforescente
e siga as vestes estivais no caminho de névoa lilás
qual encontro de pergaminhos camuflados
em corredor noturno que arrepiam membros
andarilhos em simulacro de imagens
vultos em arquivo celeste simultâneos
pés de papiro em círculo
provocam encontro de rastro sincrônico
provocam encontro de rastro sincrônico
relâmpagos talentosos ardem em toda eternidade
eco e fala :
_ sente o espírito imortal do amor
chuva com a cor imensa cuspindo
desejo dentro do fogo e ar...
vestes descartáveis encobrem coisas mortas
enquanto um corpo de homem arde num dorso
lábios de azul lazuli e olhos de algodão
regurgitam pedregulhos beijados por flores de água
em cascata de braços que dão forma
à proteção ancestral que as mãos cultivam.
(Célia Abila)
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