quinta-feira, 22 de março de 2012

VESTE DE NUVEM EM FRAGMENTOS


Antes de abrir a boca mire-se num
plantel  fenomênico de esculturas:
corpo de seda azul em lençóis de veludo
outono  de enganos  num breve caleidoscópio
folhas soltas  em viés de vento fecundo
turbilhão  de gotas nuas aglutinadas
na garupa de bolhas ciganas  no pináculo
da montanha esmeralda  fosforescente
e siga as vestes estivais no caminho de névoa lilás
qual encontro de pergaminhos  camuflados
em corredor noturno que  arrepiam membros
andarilhos  em  simulacro de imagens
vultos  em arquivo celeste simultâneos
pés de papiro em círculo

provocam  encontro  de rastro sincrônico
relâmpagos talentosos ardem em toda eternidade
eco e fala :
_ sente o espírito imortal do amor
 chuva com a cor imensa cuspindo
desejo dentro do fogo  e  ar...
vestes  descartáveis encobrem coisas mortas
enquanto um corpo de homem arde num dorso
lábios de azul  lazuli e olhos de algodão
regurgitam pedregulhos beijados por flores de água
em cascata de braços que dão forma
à proteção ancestral que as mãos cultivam.

(Célia Abila)

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