Natureza essencial da poesia pictórica. É impossível observar um cenário de cores, como num arranjo de flores, sem que em nós ocorra o despertar de imagens, por vezes inúmeras, que são a frequente poesia de nossa vida, em função da qual ela se torna esteticamente agradável. (Versão em Português do original em Esperanto) © Copyright 1997 Evaldo Pauli
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
FLERTE EM FLOR
foto-Maria Célia Abila
FLERTE EM FLOR
Diverte-se ao vento
o livre estalido:
suave, solto.
Semblante de néctar
em conectiva fila
de polens revoltos.
Bilobado flerte
se intera ao filete
e à antera polida
vertendo a vida
policolorida.
Estalo sincero
gesto mudo em tudo
androceu tecido
de vazio e zero.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
AS PÁLPEBRAS BAIXAS
foto - Maria Célia Abila
as pálpebras baixas
encobrem o jardim do sol
nos olhos detrás
(Célia Abila)
EINSTEIN
"Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do Universo - o único caminho é a intuição" - frase atribuída a Albert Einstein (1879-1955)
"Se o senhor quer estudar em qualquer dos físicos teóricos os métodos que emprega, sugiro-lhe firmar-se neste princípio básico: não dê crédito algum ao que ele diz, mas julgue aquilo que produziu. Porque o criador tem esta característica: as produções de sua imaginação se impõem a ele, tão indispensáveis, tão naturais, que não pode considerá-las como imagem de espírito, mas as conhece como realidades evidentes." - Albert Einst
HERBERTO HELDER
A COLHER NA BOCA
Todas as coisas são mesa para os pensamentos
onde faço minha vida de paz
num peso íntimo de alegria como um existir de mão
fechada puramente sobre o ombro.
_Junto a coisas magnânimas de água
e espíritos,
a casa e achas de manso consumindo-se,
ervas e barcos altos_meus pensamentos criam-se
com um outrora lento, um sabor
de terra velha e pão diurno.
E em cada minuto a criatura
feliz do amor, a nua criatura
da minha história de desejo,
inteiramente se abre em mim como um tempo,
uma pedra simples,
ou um nascer de bichos num lugar de maio
Ela explica tudo, e o vir para mim_
como se levantam paredes brancas
ou se dão festas nos dedos espantados das crianças
_é a vida ser redonda
com seus ritmos sobressaltados e antigos.
Tudo é trigo que se coma e ela
é o trigo das coisas
o último sentido do que acontece pelos dias dentro.
Espero cada momento seu
como se espera o rebentar das amoras
e a suave loucura das uvas sobre o mundo.
_E o resto é uma altura oculta,
um leite e uma vontade de cantar.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
BONITO - MS
riqueza em janela
de água doce cristalina,
de peixes; aberta
(Célia Abila)
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
WILSON BUENO
GUEPARDOS - Wilson Bueno
Perdidos do bando, feito uma sina, transpusemos já não sei quantas savanas. Os dois, só nós dois. Magros e de pintalgadas manchas sobre o pêlo rude, à sagacidade do vento, guepardos, ondulamos - vôo? - sob o céu. Só não sei, talvez em razão da pressa, quem, de nós dois, o primeiro mortal. Severo equívoco imaginar que desapareças de mim; que antes de mim findes - impunemente. Antes de mim? Como? Num balé de ágeis impulsos somos só uma felina espécie de caça. Aves?
Vejo a morte amadurecer em vossos olhos quando percebo que sobre eles passa uma sombra (nuvem da tarde?), rápida, quase invisível. Atravessa-te a íris-de-mel, a sombra, e já enevoa vossos olhos dourados.
Engalfinho-me em você, teso desejo, e vos mordo a nuca a dilaceradas dentadas.
É assim que me subjugas, me humilhas e me achacas por guardar dentro o aguilhão do sexo. Nem desconfias que quem capitula sou eu, baixo a fissura explícita de vos amar escandalosamente.
Vejo a morte amadurecer em vossos olhos quando percebo que sobre eles passa uma sombra (nuvem da tarde?), rápida, quase invisível. Atravessa-te a íris-de-mel, a sombra, e já enevoa vossos olhos dourados.
Engalfinho-me em você, teso desejo, e vos mordo a nuca a dilaceradas dentadas.
É assim que me subjugas, me humilhas e me achacas por guardar dentro o aguilhão do sexo. Nem desconfias que quem capitula sou eu, baixo a fissura explícita de vos amar escandalosamente.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
HORÁCIO COSTA
OS JARDINS E OS POETAS
A Katyna Henriquez
Wang Wei pintava jardins e cultivava plantas
Na China Imperial pintar plantar jardins
Era bem mais nobre que discursar frente a um senado
inexistente narcotizado
Cícero perora Quintiliano chora
Os senadores não prestam atenção
Porque observam as barrigas das pernas musculosas dos guardas
Dácios & Mésios & Beócios principalmente Beócios
O jardim romano era um pátio de recepção
Com 8 roseiras geométricas
64 vasos de cerâmica 128 plantas de gerânio perfeitamente
retóricas
Horácio queria um jardim regular
O número de folhas de suas roseiras seria contado
O número de pétalas das rosas seria minuciosamente contado
Como sílabas de poemas estritamente sintáticos
As rosas amarelas seriam assonâncias
As rosas vermelhas consonâncias
O jardim horaciano é um Mondrian avant-la-lettre
Mas Horácio não teve dinheiro para comprar escravos que
contassem pétalas e folhas
Silábicas
As pedrinhas das áleas como pausas poéticas
Por isso o jardim de Horácio nunca existiu
Quando nós pensamos nele nos lembramos de um jardim
inexistente
De um jardim civil como Demóstenes
Um ágora iluminado
Por plantas cidadãos atentos à perorata
Plantas como ouvidos vegetais
Nardos como microfones
E o cipreste que se entrevê um agente de imprensa
Wang Wei cultivou seu jardim
E enquanto plantava pintava
Seus microcosmos caligráficos com pedras trazidas de longe
Que o lago e a corrente duplicavam nas sutis tardes outonais
Etc.
Wang Wei cultivava jardins
Wang Wei pintava paisagens
Mas Ella, ah.
Ella
Ella cantaba boleros
Horácio Costa (livro JARDIM DE CAMALEÕES – A Poesia Neobarroca na América Latina :ANO 2004 - editora Iluminuras - página 88; organização, seleção e notas; Claudio Daniel
sábado, 4 de fevereiro de 2012
CESAR VALLEJO
foto: Maria Célia Abila
DA TERRA
(Cesar Vallejo – em poesia completa- pag:48 –
tradução:Thiago de Mello)
?.........
_Se te amasse....que seria?
_ Uma orgia!
_E se ele te amasse?
Seria
todo um ritual, mas não tão doce...
E se tu me amasses?
A sombra sofreria
justos fracassos em tuas castas pupilas.
Serpenteiam chicotadas
quando o cão ama seu dono?
_Não, mas a luz é nossa.
Estás enfermo...Vai-te embora...tenho sono!
(Sob a alameda vesperal
se rompe um fragor de rosa)
Andem, pupilas, pronto....
Já rebenta floresta em meu cristal.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
PERFUME QUE ENCHE A BOCA D´ AGUA
PERFUME QUE ENCHE A BOCA D´AGUA
lira de aroma e ruído
flocos rangem os pés
de gelo e fogo no outono
narina em geada branda
sob asas do fogo em milho
anela vaga de árvore
anilha amarelas linhas
molda pilares novos
aliança perfume de espigas
(Célia Abila)
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