Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu. |
Natureza essencial da poesia pictórica. É impossível observar um cenário de cores, como num arranjo de flores, sem que em nós ocorra o despertar de imagens, por vezes inúmeras, que são a frequente poesia de nossa vida, em função da qual ela se torna esteticamente agradável. (Versão em Português do original em Esperanto) © Copyright 1997 Evaldo Pauli
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
FERNANDO PESSOA
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